PIB de Minas Gerais registra queda de 0,2% no 3º trimestre

14 de dezembro de 2021 às 0h30

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Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

O Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais teve retração de 0,2% no terceiro trimestre de 2021 em comparação com o segundo trimestre. O PIB, divulgado ontem pela Fundação João Pinheiro (FJP), foi estimado em R$ 209,7 bilhões e representou 9,5% do PIB nacional. 

O recuo no nível de atividade econômica do Estado é explicado pelo comportamento desfavorável da evolução do índice de volume do Valor Adicionado Bruto (VAB) nos setores de energia e saneamento, agropecuário e da indústria de transformação. 

A atividade de energia e saneamento recuou 9,1% devido à redução na geração de eletricidade por conta do déficit hídrico que ocasionou o baixo volume útil dos principais reservatórios das usinas hidrelétricas no território mineiro.

A atividade agropecuária também foi determinante para a queda do índice de volume do produto agregado em julho, agosto e setembro de 2021. O volume de VAB agropecuário retraiu-se 10,1% no Estado. A baixa foi mais intensa por conta do desempenho negativo da cafeicultura. 

Cafeicultura impacta resultado

“Nós tivemos geadas em julho e a queda da produção do café foi muito forte quando a gente compara 2020 com 2021. No ano passado, nós tivemos uma produção de aproximadamente 2,1 milhões de toneladas de café, para este ano a gente está trabalhando com estimativa de 1,4 milhão de toneladas, uma redução muito significativa”, afirma Raimundo de Sousa, pesquisador da Fundação João Pinheiro. No comparativo com o terceiro trimestre de 2020, a queda da agropecuária chega a 17,4%.

A indústria de transformação foi outra atividade que contribuiu para o resultado negativo do índice de volume do PIB mineiro no terceiro trimestre de 2021, visto que o setor possui fortes encadeamentos com outras atividades produtivas e responde por grande parcela das compras – consumo intermediário – realizadas na economia. 

Em função do encarecimento dos insumos, o volume de VAB da manufatura decresceu 2,6% em Minas Gerais na comparação com o segundo trimestre do ano. Houve diminuição na fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, de produtos químicos, produtos de metal, fumo e de alimentos e bebidas. 

“A produção de veículos e peças teve redução de 16,8%, a indústria sofreu muito ao longo do ano com falta de peças, chips e até pneus. Bebidas (-3,9%), alimentos (-3,8%), químicos (-13,8%) e produção de metal (-6%) também caíram. A metalurgia teve alta de 3,5% e amenizou as perdas, por se tratar de um setor muito significativo”, explica Thiago Almeida, pesquisador da FJP.

Os setores de extração mineral e construção civil foram atividades que apresentaram resultados positivos. A indústria extrativa mineral expandiu-se 2,3% na comparação do terceiro trimestre de 2021 com o trimestre imediatamente anterior, e a construção civil teve crescimento de 3,9%. Tanto em Minas Gerais quanto na economia nacional, foi o quinto trimestre consecutivo de expansão na construção civil. No caso da extração mineral, também foi o quinto trimestre de alta. Mesmo assim, a atividade ainda se encontra em um patamar produtivo bem abaixo do que vigorava antes do rompimento da barragem de Brumadinho. O PIB do Brasil no terceiro trimestre teve queda de 0,1%.

O agrupamento formado pelos “outros serviços”, que representam um conjunto de atividades e serviços relacionados ao comportamento das famílias, destacou-se em termos da evolução positiva no volume de VAB no terceiro trimestre de 2021 em relação ao trimestre imediatamente anterior (6,3%). Transportes teve alta de 2,2%. 

Segundo os pesquisadores, esses setores foram favorecidos pelo avanço da vacinação contra a Covid-19 e o aumento da mobilidade com a reabertura da economia. Já a atividade de comércio em nível estadual ficou praticamente estagnada, com ligeiro crescimento no volume de VAB de 0,1% em relação ao segundo trimestre do ano. 

Futuro

Os pesquisadores da Fundação João Pinheiro preveem que o PIB mineiro deve crescer entre 5,6% e 5,9% em 2021, acima da média nacional, que tem estimativa de subir entre 4,6% e 4,9%. 

“Para 2022, a única informação mais segura que já temos é que certamente a produção do café, mesmo com as geadas, deve ter uma boa recuperação. Nós devemos ter o resultado da agropecuária em Minas Gerais provavelmente acima da variação real que será registrada para o Brasil como um todo. No caso da indústria e serviços ainda faltam elementos para estabelecer como seria o desempenho da economia de Minas em relação à média nacional no ano que vem’’, concluiu Raimundo de Sousa.

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